A última palavra
- ciclopoetica
- 21 de jun. de 2022
- 2 min de leitura
Atualizado: 11 de jul. de 2022

Dia desses fui surpreendida com uma pergunta de uma leitora que acabara de ler o meu livro. Pergunta simples, aparentemente banal. Só que não!!!
Qual foi a última palavra do seu livro que você escreveu?
Meus olhos ficaram numa postura de espanto. Paralisei. Naquele instante percebi que fui tomada pelo esquecimento. Curiosa junto a minha querida leitora fomos à procura da última palavra. Respirei fundo quando li. Renascer. Suspirei, soltei o ar para…
Eis a última palavra na forma de verbo, solicitando a mim e ao leitor, caso esteja preparado, o próprio renascer. Renascer do lugar onde estamos ou das cinzas como faz a bela Fênix, ou do solo fértil como faz a bela rosa cor de rosa. Não importa o lugar. Somos solo fértil e, portanto, a habilidade de renascimento nos é inata.
Achei interessante a postura questionadora da minha leitora cuja vida passou por vários renascimentos.
Fui tocada de supetão por uma pergunta tão simples e ao mesmo tempo tão profunda. E tão logo no meu íntimo, silenciosamente, me fiz uma segunda pergunta: renascer para quê? E uma terceira: como?
Agora, cá usando minha cachola e recordando os últimos 7 dias, 7 meses, e 7 anos da minha vida, sinto que a resposta é única: renascer para a vida com um coração sem medo.
Mas como?
Deixando morrer todas as partes que já não me cabem mais no momento presente. Pensamentos, emoções, crenças e ações que se tornaram obsoletos para a nova vida e para o novo ciclo.
E assim, a última palavra, ou o último verbo transforma-se na primeira ação a ser seguida, honrada e focada.
Assim como faz o Rei Sol. Renascendo sempre, todos os dias. Respeitando seu ciclo ele se recolhe, se esconde e descansa para no novo dia renascer...
As nossas palavras escritas são como promessas cravadas na pedra. Cumprir uma promessa, desenvolver-se de algum modo, é um caminho possível para não tornar indigno tudo aquilo que dissemos, falamos, escrevemos e publicamos.
Cada palavra dita nos convida à postura de responder. Caso, por algum atraso no percurso, estamos atrasados, desviando do caminho ou apenas paralisados por algum motivo. Retornamos. Recomeçamos. De novo, de novo e de novo. Quem nunca? A Resistência existe para todos. Corajosos e covardes. Sem exceção.
Mas...
A jornada segue. E pessoas incríveis e inimagináveis aparecem na hora da partida com perguntinhas capciosas. Pessoa cuja personalidade te solicita cumprir a promessa.
Vamos lá garota! Não basta a vontade de renascer. É preciso um fogo heraclitiano para verdadeiramente renascer. Das cinzas? Que seja! Novo Ciclo te espera.
Gratidão à minha amiga leitora Isabel, aquela que cumpre promessas.
Texto: Silvia Sant'Ana
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