Série: Tecendo o Fio. A arte de sair do labirinto.
- ciclopoetica
- 30 de mai.
- 4 min de leitura
Atualizado: 30 de jun.

"Não há caminho pronto — apenas o fio que tecemos ao caminhar."
Silvia S. Sant'Ana
Há músicas que não apenas tocam — convocam. The Gael é uma dessas. Ela não nos embala: nos ergue. É trilha dos pés que seguem os feridos, dos corações que insistem em bater apesar da dor. Em seus acordes ecoa a força dos que escolhem permanecer vivos — mesmo que isso custe um amor distante, uma perda irreparável, uma saudade que ainda arde.
Vivemos tempos de urgência interior. Não há muito tempo para se perder nos labirintos que nós mesmos tecemos. Precisamos seguir o fio — aquele que Ariadne deixou e que ainda vibra dentro de nós. Porque fora do labirinto, há encontro. Ele — ou Ele — há de nos encontrar. Com mãos sujas de terra, mas com olhos sedentos de reencontro.
Ajuste o volume. Feche os olhos por alguns segundos e respire… Só então, permita-se seguir na leitura — e, assim, tecer os fios de um tapete mágico que nos conduza para fora de nossos labirintos.
Apresentação de Tecendo o Fio:
Vivemos tempos em que os instrumentos da alma foram esquecidos sob camadas de cansaço, padrões estéticos, tarefas acumuladas e ruídos externos. Esquecemos do que nos fazia cantar, pintar, escrever, correr, dançar. Esquecemos da caneta, do pincel, do violão, da agulha, da escumadeira, da vassoura mágica. Esquecemos da Musa. Do Mistério.

Vivemos tempos em que tecemos, com nossas próprias mãos, os labirintos que nos aprisionam — feitos de distrações, excessos e enganos. Mas a saída é possível. Ela existe dentro de nós, onde habitam forças simbólicas que podemos reconhecer como Ariadne e Teseu: aquela que oferece o fio e aquele que tem a coragem de seguir.
Nossa memória ancestral conhece essa história. Está gravada em nosso corpo, em nossos sonhos, nos mitos que nos formam. Podemos acessá-la. Podemos reencontrar o fio e, com ele, trilhar o caminho de volta — de volta para casa, de volta para nós mesmos.
É uma jornada que começa com uma pausa: uma respiração profunda, um mergulho em si. No silêncio que surge ao final da expiração, talvez você reencontre o fio. Aquele fio que nos conduz ao caminho do nosso instrumento de poder. Aquele instrumento que aciona nossos instintos, nossa criatividade, nossa imaginação — seja você mulher, homem ou não binário.
Nesta série, começamos falando diretamente ao feminino, à mulher que cansou de ser apenas "meiga e linda" e quer recuperar sua potência ancestral. Mas logo percebemos que essa busca é universal. Todos — em algum ponto — esquecemos quem somos, e todos podemos lembrar. Homens também carregam suas forças esquecidas, seus fios perdidos, seus cantos interrompidos. E juntos, tecendo o fio, podemos reencontrar os instrumentos que nos permitem criar, transformar, transcender.
Que esta série seja o fio que conduz de volta à sua essência — e ao labirinto que agora se pode atravessar.
Intenção — saída do Labirinto :

Essa Série é um convite. Um chamado para acessar as forças simbólicas que habitam em nosso ser — uma força chamada Ariadne e uma força chamada Teseu. A união das polaridades, do feminino e do masculino que coexistem dentro de nós.
São essas forças que nos integram e nos oferecem o insight e a coragem necessários para seguirmos no caminho de volta a nós mesmos — para além do labirinto que nos aprisiona, sufoca, estressa e adoece.
Que essa reconexão nos leve de volta ao que nos transforma. Que nos permita reencontrar aquilo que nos faz sorrir — porque o riso é o sinal de que encontramos, enfim, o nosso Graal.

Respiro filosófico:
Carl Gustav Jung chamou de individuação: um caminho simbólico, quase mítico, que exige coragem para descer aos próprios labirintos internos, enfrentar as sombras, reconhecer os arquétipos e encontrar o fio que leva de volta ao centro do ser.
Em termos platônicos, seria o retorno à anamnese, a lembrança daquilo que já sabíamos, mas esquecemos — o reencontro com a verdade que habita dentro de nós, obscurecida pelos ruídos do mundo sensível. Como Teseu, precisamos de coragem para enfrentar o Minotauro (nossos medos, traumas e condicionamentos); como Ariadne, precisamos do fio (intuição, arte, símbolo) que nos guia.
A união dessas forças — razão e intuição, ação e contemplação, masculino e feminino — permite a reconstrução de uma existência mais plena. Em tempos de excesso, distração e cansaço crônico, recuperar esse fio é um ato revolucionário.

Síntese
“Fui tecendo meu caminho através de desvios, passos dados no escuro e escaladas silenciosas.”
Convite:
Você já reparou como uma imagem — um postal, essa tecnologia poética da conexão — pode ser um portal? Uma fresta aberta no cotidiano, por onde o olhar atravessa e algo dentro da gente se move. Quando um portal se abre, é sinal de que chegou o momento de germinar nossos sonhos mais íntimos.
Os postais são sementes simbólicas de pensamento, sensação e memória. Eles nos convidam à reflexão e à conexão. Cada um carrega um fragmento de mundo, um espelho, um símbolo, um chamado.
Se você sentir o convite ecoar aí dentro e quiser revisitar comigo esses caminhos, ficarei muito feliz em te ouvir.
Gratidão por estar aqui comigo!

Livros que transformam:
BULFINCH, Thomas - O Livro de Ouro da Mitologia: Histórias de Deuses e Heróis
JUNG, Carl Gustav - O Homem e seus símbolos
SHARMAN-Burk, Juliet - O Tarô Mitológico
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