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Série Horizontes de Mim. Uma travessia em imagens, palavras e horizontes

Atualizado: 6 de nov.

Selo da série Horizontes de mim.

“Cada passo longe de casa é um passo mais perto de mim.”

Silvia S. Sant'Ana



Para uma experiência mais sensível e profunda, leia este texto ao som de “Experience - Ludovido Einaudi. Ajuste o volume, feche os olhos por alguns segundos, respire fundo... depois, siga a leitura. A travessia, assim como o horizonte, estão dentro.


Apresentação de Horizontes de mim: 

Esta série nasceu como um chamado para concluir as 12 séries dos Postais Oráculos. A casa, o quintal, o jardim — esses espaços íntimos e comuns — são, ao mesmo tempo, especiais e extraordinários. Neles, escutamos com mais clareza a voz que nos convida a sair: dar uma volta, peregrinar, perambular, como diz Clarissa Pinkola Estés.


A jornada de autodescoberta não acontece apenas no movimento para dentro, nos rituais diários como a meditação, a escrita e o cuidado com a terra. Ela também pulsa nos passos que damos em direção ao desconhecido — quando colocamos o pé na estrada ou compramos uma passagem para um destino improvável, sonhado antes mesmo de ser vivido.

Horizontes na forma de postais.

Escolhi duas viagens inesquecíveis como horizonte simbólico desta série. Ao partir, uma pergunta intrigante me atravessa: o que me move a deixar tudo para trás e me lançar numa missão incerta, perigosa, sem saber exatamente aonde estou indo ou por quê?


Talvez seja o medo — um medo profundo de que a vida esteja encolhendo, de que ainda não tenhamos realmente começado a viver. Ou o pressentimento de que os alicerces que construímos com tanto zelo estejam se desfazendo, exigindo uma nova base, uma nova forma de habitar o mundo.


A partida exige mais do que o vago desejo de “precisamos viver”; ela exige uma visão, ainda que sem nome, que nos arraste para fora. Porque ao deixar a casa, não fugimos apenas — também buscamos. A jornada, invisível aos olhos, é real, urgente, crucial.


Um horizonte para enviar a amigos.

Assim como todo herói ou heroína, minha travessia começou de forma intuitiva: um chamado à criação, à fotografia, à necessidade de expressar ideias e sentimentos. Mas junto ao chamado, veio também a recusa. A velha tendência de adiar aquilo que sabemos ser essencial — não só para a nossa alma, mas também para os que nos cercam. Afinal, quem caminha conosco é inevitavelmente transformado por nosso movimento.


Como diz Clarissa Pinkola Estés:


“Ser nós mesmos faz com que acabemos exilados por muitos outros. No entanto, cumprir o que somos cria uma grande harmonia interior e, finalmente, atrai aqueles que também têm coragem de viver sua verdade.”


Acredito que partir, contemplar horizontes, mesmo em silêncio — como fazem os peregrinos —, é um gesto profundo de amor. Minha primeira travessia consciente começou com a publicação do livro Ciclo. Um sonho que parecia não caber na realidade se concretizou, com dúvidas, parcerias, tropeços e bênçãos. Não cheguei a esta cidade com o propósito de ser escritora, fotógrafa ou amante das ideias — fui me tornando. Horizontes se abriram.


E ao longo de algumas travessias, descobri que há sonhos considerados “inapropriados”. Como as roupas que vestimos, os lugares por onde passamos, os gestos que ousamos ter. Inclusive a coragem pode parecer inadequada. Para as incansáveis sonhadoras, tudo isso soa como desvio. Mas seguimos. Sabemos ler nas entrelinhas. E no fim, ser ou não ser apropriado depende do olhar — e muitas vezes, do gênero.


Uma imagem de coruja é um horizonte de mim.

Você já teve um sonho ou uma ideia que pareciam malucos ou fora do comum? Como lidou com isso? O que aprendeu?


Transformar-se na melhor versão de si mesma exige trabalho constante e um ambiente propício. Harmonia, ordem, beleza, calma e alegria são, para mim, condições da cura do corpo e da alma. Foi nesse espírito que mergulhei no meu espaço orgânico — o quintal, o pedaço de terra onde moro —, e desenvolvi um olhar voltado à arte e à beleza natural, por meio da escrita e da fotografia.


Mas após quase três anos contemplando os pássaros, algo em mim pediu mais: sair do quintal e ir para o mundo. Com quem? Aparentemente sozinha. Mas, como Dorothy, nunca estamos sós. Há forças invisíveis que nos ajudam — ainda que o medo seja grande, do tamanho do Jaguadarte de Alice no País das Maravilhas.


Enfrentar esse monstro interno é um dever. Só assim, no enfrentamento, recebemos o presente que nos aguarda — uma medalha, um abraço, um beijo de despedida… ou uma história linda de morrer de saudade.


Fernando Pessoa escreveu:
“Tenho em mim todos os sonhos do mundo.”

Talvez por isso pareçamos, por vezes, deslocadas — como se nossa alma andasse um pouco adiante do corpo. Mas seguimos. Porque sonhar horizontes é um ato de coragem — e também de responsabilidade.


Imagem de Portugal é um horizonte de mim.

Num horizonte distante. Foi ao cruzar o oceano e pisar em terras lusitanas que colhi imagens, vivências e símbolos que deram origem à criação dos Postais Oráculos. São 365 postais divididos em séries, que narram uma grande jornada de autotransformação da alma. Uma obra que nasceu do encontro entre paisagem e espírito — e que ecoa no florescimento deste projeto.


Horizontes de Mim é o desfecho desse ciclo. Mas também é recomeço: um convite a abrir as janelas da alma e lançar-se, com delicadeza e firmeza, na travessia de si.


Síntese:
"Os Postais se completaram, mas em mim a travessia permanece - eterna aprendiz de mim mesma."

Convite:
Você já reparou como uma imagem — um postal, essa tecnologia poética da conexão — pode ser um portal? Uma fresta aberta no cotidiano, por onde o olhar atravessa e algo dentro da gente se move. Quando um portal se abre, é sinal de que chegou o momento de germinar nossos sonhos mais íntimos.
Os postais são sementes simbólicas de pensamento, sensação e memória. Eles nos convidam à reflexão e à conexão. Cada um carrega um fragmento de mundo, um espelho, um símbolo, um chamado.
Se você sentir o convite ecoar aí dentro e quiser revisitar comigo esses caminhos, ficarei muito feliz em te ouvir.

Gratidão por estar aqui comigo!



Livros que libertam:

Joseph Campbell – O Herói de Mil Faces

Clarissa Pinkola Estés – Mulheres que Correm com os Lobos

Julia Cameron – O Caminho do Artista

Pema Chödrön – Quando Tudo se Desfaz

Carl Gustav Jung – O Homem e Seus Símbolos

Sidarta Ribeiro – O Oráculo da Noite

James Hillman – O Código do Ser

Fernando Pessoa – O Livro do Desassossego


 
 
 

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