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Recuperando a Atenção e o Equilíbrio em um Mundo Hiperconectado

Atualizado: 3 de nov. de 2023




Vivendo na Era da Distração: No mundo agitado em que vivemos, quantos de nós conseguem meditar? Entrar em silêncio profundo? Ou manter a concentração em uma tarefa por quatro horas ininterruptas? A sensação de dispersão parece crescer a cada dia, não só em mim, mas também em meus colegas de trabalho, amigos e até mesmo estranhos, como caixas de supermercado, frentistas e porteiros.

Comunicação Fragmentada: A comunicação parece ter perdido sua essência, desviando-se do foco principal para outros temas e telas, tornando-se fragmentada e desarticulada. A cada conversa, sinto que algo na comunicação ficou perdido ou esquecido. No vão. Sem resposta.

Desafios da Memória e Improviso Para mim, isso reflete uma incapacidade crescente de improvisar, de recordar nomes, palavras e histórias no momento que mais preciso delas. Era boa no improviso, mas agora, nem tanto.

O Enigma do Pensamento: O enredo desaparece gradualmente, desvanecendo-se, e as palavras fogem de minha mente. Um enigma que não entendo. Rendo-me à busca de fragmentos em um baú de memórias repleto de informações. Às vezes, sinto um excesso de pensamentos que sobrecarregam minha mente. Sinto falta dos momentos mais plenos do passado. O Dilúvio de Informações A qualidade do sono tornou-se precária e insuficiente para organizar o dilúvio de informações que me inunda diariamente, quando me deixo cair nas armadilhas dos excessos. Aplicativos, redes sociais, mensagens, e-mails, transmissões ao vivo, vídeos, cursos e livros, além de nossa própria história, compõem um manancial de palavras, histórias e memórias que inundam nossas mentes.



Recuperando o Momento Presente: Como uma prática para mitigar a falta de memória, a falta de concentração e a excitabilidade diante desse fluxo incessante, desativei praticamente todas as notificações que poderiam sequestrar meu momento presente. Encontrando Refúgio em Atividades Significativas: Quando preciso escrever, meditar, praticar atividades físicas, cozinhar ou cuidar de minha casa, transporto-me para um mundo particular. As pessoas mais próximas e familiares compreendem minha escolha. Essa estratégia tem funcionado até certo ponto, especialmente quando combino o silêncio e a concentração com uma atividade que possui um significado profundo naquele momento. Em Busca de Conhecimento: Em meio a conflitos internos, dispersão e hiperatividade, busco ativamente o conhecimento que pode me ajudar a entender não apenas minhas próprias dificuldades, mas também as complexidades do mundo contemporâneo. Afinal, quem hoje não se queixa de memória fraca, esquecimento e falta de atenção?



A Perspectiva da Professora Nina Saroldi: Nessa jornada de busca por entendimento, tive o privilégio de conhecer a Professora Nina Saroldi, Doutora em Teoria Psicanalítica e orientanda do filósofo Christoph Türckhe. Ela oferece uma perspectiva intrigante sobre a vertiginosa e acelerada existência no mundo moderno. Na Casa do Saber, ela ministra o curso "Excitados, Desatentos e Cansados: Reflexões sobre a Subjetividade Atual", uma obra de extrema relevância para todas as esferas da sociedade. Urgente.




Recursos para a Saúde Mental: Para aqueles que se preocupam com a saúde mental, emocional e social, a Professora Saroldi compartilha recursos simples para incorporar no cotidiano, como rituais que promovem a desaceleração e a celebração da vida. Além disso, ao final do curso, ela promove a imaginação, a fantasia, as fábulas e os contos dos povos originários, elementos cruciais para a formação cultural, especialmente no contexto brasileiro.


Narrativas dos Povos Originários: A professora não deixou de mencionar Ailton Krenak, uma voz líder entre os indígenas, que tem contribuído amplamente para a discussão sobre como "adiar o fim do mundo" e criar possíveis mundos alternativos.




Recuperando o Controle e a Essência: Percebemos que o drama existencial se dissipa quando recuperamos o controle sobre nossas vidas e as direcionamos para o “caminho do coração”, como diria Don Juan a seu discípulo, Carlos Castanheda. Caminho esse onde encontramos as verdadeiras respostas.

O Papel da Filosofia: Acredito que a filosofia oferece um espaço para pelo menos questionar, explorar e aprofundar na existência, não apenas como um local de movimento, mas também de reflexão, repouso, diálogos e conversas.

Em Busca do Equilíbrio:

Nas minhas conjecturas, imagino que se tivéssemos abraçado a ideia de moderação e equilíbrio desde tempos antigos, como sugerido por Aristóteles com sua noção da "justa medida", talvez nossa atual condição de desatenção, confusão, agitação e esquecimento não fosse tão prevalente. Estaríamos lutando menos contra a maldição do "esquecimento".



Texto: Silvia Soares Sant'Ana







 
 
 

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