Postcrossing — Cartas para Almas Irmãs: o reencontro dos pózinhos de estrelas
- ciclopoetica
- 29 de mai.
- 2 min de leitura

Gosto dessa ideia de que somos restos de uma grande estrela. Imagino que cada pozinho de estrela caiu em algum lugar distante da sua origem.
Um pó caiu no Japão, outro na Europa, outro no Brasil. Na Amazônia, nos cerrados, nas dunas… e por aí vai.
Gosto também da ideia de que o Mistério que nos habita, de algum modo, conspira, se movimenta, dá um empurrão — ou uma pausa — para que esses pós de estrela se reencontrem, novamente, em algum lugar. Seja fisicamente, virtualmente ou no plano das ideias.
Recentemente, conheci uma plataforma de envio de postais chamada Postcrossing. Foi paixão à primeira vista, considerando que sou uma pessoa vintage. Cadastrei-me na plataforma e comecei a ler os perfis dos participantes. Isso me trouxe uma sensação de pertencimento. Senti-me mais conectada com pessoas desconhecidas do que com alguns amigos e vizinhos.
Sentimos que uma conexão aconteceu quando algo se aquece dentro do peito, os olhos brilham suavemente, a cabeça balança afirmativamente sem que percebamos, e um sorriso involuntário se desenha no rosto. É como se uma parte esquecida de nós voltasse ao seu lugar.
Somos cerca de 8 bilhões de pessoas no mundo — 8 bilhões de partículas de estrela espalhadas pela Terra. Quando duas dessas partículas se reconhecem, mesmo que por um gesto singelo, como o envio de um postal, algo se alinha na ordem invisível da vida.
As idiossincrasias de uma pessoa na Alemanha afetam meu olhar sobre o mundo e sobre mim mesma. Ser afetado no nível virtual e na intenção é algo auspicioso.
Quando solicitamos um endereço para envio de um postal, estamos, na verdade, solicitando um endereço para enviar gentileza, boas vibrações, votos de felicidade e um olhar amoroso. Mas há quem goste de colecionar selos. E que mal tem? Apenas uma idiossincrasia.
Se existe algo mais potente para curar a falta de conexão que as redes sociais tradicionais vêm promovendo, eu ainda não conheci. Claro, as conversas e os diálogos cumprem esse papel. Mas, não sei você, faz tempo que não encontro momentos de conversas profundas. São raros — e raramente acontecem na minha vida.
E por ter uma alma que ama a simplicidade das coisas e a profundidade de explorar, curiosamente, o mundo, as relações e o Amor, tenho sentido fome dessas conexões.
Então, o Postcrossing veio para nutrir minha fome por conexão e me trazer o reconhecimento de que minha loucura é a parte mais saudável da minha essência. Pois é com ela que crio e recrio minha existência — e entendo que ser louco, no melhor dos sentidos, é apenas enxergar beleza onde poucos veem, encontrar sentido no que parece aleatório e construir pontes onde antes só havia distâncias.
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