A pétala, a flor, o lago, o éter
- ciclopoetica
- 3 de out. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 4 de out. de 2023

Aonde o Amor me leva? (Pois só ele sabe meu destino)
Meu barco as vezes navio se atraca em terras firmes com suas cargas vazias
Suas formas, alturas e cores e nomes, números
Coleciona falsos pesos de que se aferra.
Mas o Amor, aonde o Amor me leva, só Ele sabe o destino e o peso.
Quando o Amor quisera, era ínfimo e amarelo
como a pétala que desabrocha e murcha
E disto,
abriu-se o infinito (plenificado) em mim!
O peso da flor era quase nada
e nenhum navio consegue abarcar sua intensidade exaltada.
Como guardar a pétala ou a memória?
Nem com cargas vazias

Nossos destinos, a pétala e eu, se cruzaram,
Foi ela quem me fez abandonar o barco
E querer o destino ( Aonde o Amor me leva)
O destino é água (diz-se oceano)
Nela eu me deito entregue de cabelos e mãos
Preciso das mãos, é tátil o Amor
A pele torna possível o Amor ser espraiado.
Em suas ondas de rádio, surgem caramujos flutuantes
(diz-se caixinhas de som)
São dispositivos de melhor ouvir
Elas entregam ouvidos ao mergulhado
E eu O desejo como som.
Existe um fio no som ( do Amor)
Ele se desenrola como o de um novelo,
ou como aquele papelzinho que o passarinho entrega a mensagem
Ele não mais está preso na gaiola vazia
O peso da gaiola é vazio,
e o fio é um canto
onde ali se encontra escrito o meu destino
Foi o Amor quem lá escreveu. (Aonde o Amor me leva?)
Em meio aos carros que rasantes rasos pensam dirigir seus destinos
O Amor das águas navegantes (diz-se oceano),
refulge numa poça d’água à beira da estrada
Uma poça rasa de lama, ali flores silvestres improváveis
perduram no instante raso; o profundo
Por quê não sei porque
Mas ali eu vi escrito o Teu Nome!
(aquelas flores eram esferas de mundos no éter)
É assim que me levas?
Improvável, inexplicável
Rasa e profunda
Vazia e plenificada
Pétala e flor
Em sobressalto de doçura
E no éter rendida
De Ti recebo a pétala e quero dar-Te a flor inteira,
a árvore inteira o ramalhete que quero dar-Te!
De Ti recebo a poça improvável
E quero dar-Te o lago, o mar
Os oceanos todos transbordando eu quero dar-Te

Não obstante,
é sempre menos dar-Te,
A gota que recebo de Ti abriu-se o infinito em Mim
e o meu destino?
O meu destino é amar-Te, simples assim.
(Hare Krishna!)
Texto e Vídeo:

Carla Vilela
Krsna Prena Devi Dasi
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