A Mágica dos Livros: Encontros Cósmicos e Lições do Universo Literário.

Recomendar e entregar uma leitura escolhida é um gesto poderoso de aproximação, de comunicação, de intimidade com outra pessoa.

Irene Vallejo

Já aconteceu de um livro cair no chão, aberto naquela página, cujas palavras se desenrolaram no solo, como se fossem um oráculo? Isso sempre acontece comigo. Devido à disposição dos meus livros, sempre esbarro em algum. Eles caem, e a resposta se manifesta. Vejo, sem precisar de psicodélicos.

O livro mais emblemático que caiu aberto na minha frente foi "Um Coração Sem Medo" de Thupten Jinpa. Fiquei perplexa, de cara...

As palavras dessas páginas misteriosamente desenroladas caem tão bem na Minh 'alma, como se fossem um abraço acolhedor, ou como um tapa no rosto, como se estivessem me chamando atenção: "Você ainda não aprendeu a lição, por isso vai acontecer de novo."

Outra forma de receber esses oráculos é estar com amigas, mulheres, entusiastas por livros numa livraria. Um passeio numa trilha na floresta também é auspicioso e mágico. Mas nos centros urbanos, fora de casa, longe do jardim e do ninho, a mágica acontece nas bibliotecas e livrarias. Numa roda de conversa entre flores, livros e mulheres.

Antes de contar essa história, segue uma nota para jamais esquecer: "Quando uma mulher madura, artista e criativa lhe indicar um livro, aceite, leia!." Simples assim, aceite sem questionar. "Tudo ficará claro na plenitude do tempo."

Essa foi a nota que tentei resistir no momento que minha amiga me indicou o livro: "Mulheres e Ficção" de Virgínia Woolf. Ela me mostrou passagens belíssimas e potentes. Perguntei se ela já havia lido, e sua resposta foi um "não" prolongado, como que prevendo minha recusa. Ela leu outro trecho e me olhou com uma expressão de espanto, o que me fez pensar: "Nossa, que potência!" Sim, era realmente poderoso! Era a própria Virgínia Woolf. Não poderia ser diferente.

Disse que levaria. O livro ficou comigo, mas de repente alguém já havia tirado-o da minha vista e pensei: "Ah, depois eu o pego. Tenho muitos na fila esperando por um momento de pausa e leitura tranquila."

Porém, isso não aconteceu...

Em uma livraria, a mágica ocorre de forma sinérgica. Um livro chama o outro. Os sinais aparecem, exigindo atenção e alma.

O chamado se refez não pela presença da minha amiga, que já tinha se ausentado. Mas através de Fernanda Young. Comecei a folhear seu livro quando vi na epígrafe inicial, Virginia Woolf. Pura intencionalidade. Sincronicidade. Coincidências? A denominação não importa.

Adquiri o livro e agora, ao passar por algumas páginas, me deparei com a seguinte citação, que reflete exatamente o que minha amiga havia me falado sobre a potência das ideias que venho trazendo ao mundo:

"Há outra maneira de lutar pela liberdade sem armas; podemos lutar com a mente. Podemos criar ideias que ajudarão os jovens ingleses que estão lutando lá no céu a derrotar o inimigo. Mas, para criar ideias eficazes, temos de saber dispará-las. Temos de colocá-las em ação. 'Não desistirei da luta mental', escreveu Blake. E a luta mental significa pensar contra a corrente, não com ela." 

Virginia Woolf

Se isso não for a presença de Krsna Prena Devi Dasi na minha vida, eu não sei o que é...

Carla Vilela
Escritora, artista, dançarina. Uma pessoa de alma leve. Voz maviosa e de uma potencialidade para poesia abstrata e transcendental, que me orgulha compará-la ao Poeta Rumi. 

Krsna Prena Devi Dasi
Seu nome espiritual

Hari Om

---

#Livros #Leitura #Sincronicidade #VirginiaWoolf #FernandaYoung #Reflexões#livrariaPlural